Nesse estudo o balanço entre disponibilidade e demanda hídrica foi realizado com base na disponibilidade hídrica per capita, expressa pelo quociente entre a vazão média e a população existente na bacia (m3/hab. ano).
Sabe-se que esse indicador não reflete a real disponibilidade hídrica, ou seja, a efetiva quantidade de água disponível para uso, uma vez que a vazão média não está disponível em todas as circunstâncias. Entretanto esse indicador tem sido utilizado nos meios técnicos e científicos para indicar a distribuição da água em relação a população existente em uma região hidrográfica.
A população da bacia do rio das Velhas é de cerca de 4,1 milhões de habitantes, sendo aproximadamente 97% em áreas urbanas. Esta ocupação abrange 51 municípios com 14 parcialmente contidos na bacia e 15 na Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH. A densidade demográfica da bacia é de aproximadamente 142 hab/km2. A Tabela 1 apresenta a área da bacia do rio das Velhas, a distribuição da população na bacia, a vazão média e a disponibilidade hídrica per capita.
Tabela 1 - Área da bacia do rio das Velhas, distribuição da população, vazão média e disponibilidade hídrica per capita
Área (km2) |
População (hab) (1) |
Vazão média (Qmlp)(2) |
Disponibilidade hídrica per capita |
|||
---|---|---|---|---|---|---|
Urbana |
Rural |
Total |
m3/s |
L/s.km2 |
m3/hab.ano |
|
29.173 | 4.030.501 | 124.871 | 4.155.372 | 320,5 | 11,0 | 2.432 |
A disponibilidade hídrica per capita na bacia do rio das Velhas é de 2.432 m3/hab.ano o que caracteriza uma situação considerada suficiente, haja vista a Tabela 2, que classifica a disponibilidade hídrica em função do número de habitantes, tendo por base a classificação adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para traçar o quadro mundial.
Disponibilidade hídrica por habitante (m3/hab.ano) | Situação |
---|---|
< de 1.000 | Estresse de água |
1.000 a 2.000 | Regular |
2.000 a 10.000 | Suficiente |
10.000 a 100.000 | Rico |
> 100.000 | Muito rico |
Vale ressaltar a transposição de 10,32 m3/s da bacia do rio Paraopeba para a bacia do rio das Velhas, realizada pela COPASA, objetivando o abastecimento da RMBH. Os efluentes gerados pela RMBH são lançados na bacia do rio das Velhas e, supondo uma taxa de devolução de 80%, estima-se que a bacia receba um adicional de 8,26 m3/s de vazão referente à captação da COPASA. Na Figura 1 observa-se a rede hidrográfica dos afluentes principais,a localização da RMBH e das sedes municipais na bacia hidrográfica do rio das Velhas, e na Figura 2 a contribuição percentual da população.
Figura 1 - Localização da RMBH e das sedes municipais na bacia do rio das Velhas |
Figura 2 - Contribuição percentual da população |
Objetivando apresentar um panorama desse indicador no Estado de Minas Gerais, a Figura 3 apresenta, por regiões hidrográficas, a disponibilidade hídrica per capita. De acordo com estudos realizados no âmbito do programa HIDROTEC em 2002, a vazão média gerada no Estado foi de 6.495 m3/s. Para uma população estimada pelo IBGE, em 2002, de 18.300.000 habitantes, o Estado de Minas Gerais encontra-se numa situação considerada rica (próxima do limite da classe da situação considerada suficiente), com uma disponibilidade hídrica per capita de 11.193 m3/hab.ano.
A situação mais crítica associada a uma concentração populacional elevada é observada na região hidrográfica do rio das Velhas com 2.432 m3/hab.ano, seguida da parte mineira da região hidrográfica do rio Paraíba do Sul, com 7.303 m3/hab.ano. Contrastando com esses valores, observa-se na região hidrográfica do rio Paracatu, o maior índice de disponibilidade per capita do Estado, de 60.627 m3/hab.ano, e em seqüência a região hidrográfica do Alto Médio São Francisco com 24.050 m3/hab.ano.
Vale destacar que, no Brasil, a disponibilidade hídrica, per capita, varia de 1.835 m3/hab/ano na bacia hidrográfica do Atlântico Leste 1 (sub bacias 50 a 53) à 628.938 m3/hab/ano na bacia Amazônica.
Figura 3 – Disponibilidade hídrica per capita nas regiões hidrográficas mineiras |
OBS: Essa Consulta Informativa foi
identificada no ATLAS como "Indicador de sustentabilidade" para o
monitoramento da gestão dos recursos hídricos nessa região hidrográfica.